Fotos:
Daniela Marques
Julião
em sua oficina na no Shopping Popular
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Não é comum encontrar homens que
bordam, fazem crochê, ainda mais quando o interesse em aprender esse tipo de
habilidade surge após muitos anos de trabalho no campo. É o caso de Julião Fernandes, 72 anos,
nascido e criado trabalhando na roça. O ex-agricultor virou bordadeiro! Ele
borda panos de prato, colchas de cama em vagonite e também faz franjas em
macramé.
Logo que se aposentou, Julião se viu
sem ocupação até o momento em que ficou sabendo de uma oficina que oferecia
curso de vagonite e macramê perto de sua casa no Caub I. Como o número de
inscritas não era suficiente para fechar a turma, sorridente e brincalhão, ele
disse: “Bendito é o fruto entre as mulheres, se não se importarem eu gostaria
de participar com vocês das aulas”.
Em quatro aulas aprendeu tudo
relacionado à arte. Mas, antes de engatar de vez no ofício, tentou trabalhar no
campo em pequenos serviços. Porém, sem forças para continuar, concentrou-se nos
ensinamentos das aulas de bordado e crochê e começou a fazer pequenas
encomendas. Há quase 10 anos Julião se dedica aos bordados aplicados em tramas
de tecido.
Sua dedicação é tão grande que, para
onde vai, leva sua sacola com as linhas, agulhas e tecidos. Qualquer lugar é
propício para confecção e exposição de suas peças, no ônibus ou em filas de
espera de hospitais.
O novo
trabalho causou estranhamento a amigos, vizinhos e, principalmente, à família.
Julião diz que seus filhos e sua esposa diziam para ele descansar, já que tinha
decido se aposentar “Já que não aguenta mais pegar no pesado, vai dormir, pai”,
argumentavam. Mas Julião diz não ligar para opinião dos outros já que faz o que
gosta. “Nem ligo. Os homens não gostam, mas as mulheres, todas, gostam, chegam
perto, querem aprender o ponto". Conta.
Julião confeccionando mais um bordado
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O bordadeiro diz que ama a profissão, mas comenta que o trabalho
artesanal não é muito valorizado: “as pessoas não acham justo pagar o peço das
peças, que, normalmente, são mais caras por ser trabalho manual, e demoram para
ficarem prontas”.
Hoje, ele possui uma loja no Shopping
Popular de Brasília aberta há três anos. Lá, além de vender suas peças, Julião
também utiliza o espaço como oficina. Com a falta de clientela, problema
existente no shopping desde de sua fundação, sua principal fonte de renda vem
de encomendas dos que conhecem e apreciam seu trabalho.
Por: Thatyanne Santos e Daniela Marques
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