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sábado, 2 de novembro de 2013

Do campo a agulha, ex-agricultor revela seu talento nos bordados em vagonite e macramé


                                   Fotos: Daniela Marques
Julião em sua oficina na no Shopping Popular  

    Não é comum encontrar homens que bordam, fazem crochê, ainda mais quando o interesse em aprender esse tipo de habilidade surge após muitos anos de trabalho no campo.  É o caso de Julião Fernandes, 72 anos, nascido e criado trabalhando na roça. O ex-agricultor virou bordadeiro! Ele borda panos de prato, colchas de cama em vagonite e também faz franjas em macramé.
Logo que se aposentou, Julião se viu sem ocupação até o momento em que ficou sabendo de uma oficina que oferecia curso de vagonite e macramê perto de sua casa no Caub I. Como o número de inscritas não era suficiente para fechar a turma, sorridente e brincalhão, ele disse: “Bendito é o fruto entre as mulheres, se não se importarem eu gostaria de participar com vocês das aulas”.
Em quatro aulas aprendeu tudo relacionado à arte. Mas, antes de engatar de vez no ofício, tentou trabalhar no campo em pequenos serviços. Porém, sem forças para continuar, concentrou-se nos ensinamentos das aulas de bordado e crochê e começou a fazer pequenas encomendas. Há quase 10 anos Julião se dedica aos bordados aplicados em tramas de tecido.
Sua dedicação é tão grande que, para onde vai, leva sua sacola com as linhas, agulhas e tecidos. Qualquer lugar é propício para confecção e exposição de suas peças, no ônibus ou em filas de espera de hospitais.
O novo trabalho causou estranhamento a amigos, vizinhos e, principalmente, à família. Julião diz que seus filhos e sua esposa diziam para ele descansar, já que tinha decido se aposentar “Já que não aguenta mais pegar no pesado, vai dormir, pai”, argumentavam. Mas Julião diz não ligar para opinião dos outros já que faz o que gosta. “Nem ligo. Os homens não gostam, mas as mulheres, todas, gostam, chegam perto, querem aprender o ponto". Conta.

          Julião confeccionando mais um bordado
O bordadeiro diz que ama a profissão, mas comenta que o trabalho artesanal não é muito valorizado: “as pessoas não acham justo pagar o peço das peças, que, normalmente, são mais caras por ser trabalho manual, e demoram para ficarem prontas”.
Hoje, ele possui uma loja no Shopping Popular de Brasília aberta há três anos. Lá, além de vender suas peças, Julião também utiliza o espaço como oficina. Com a falta de clientela, problema existente no shopping desde de sua fundação, sua principal fonte de renda vem de encomendas dos que conhecem e apreciam seu trabalho.


Por: Thatyanne Santos e Daniela Marques

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